Escrita
Se quisermos que nossos alunos aprendam a escrever, é fundamental que eles tenham várias oportunidades de fazê-lo, mesmo antes de saber grafar corretamente os caracteres formais de escrita que compõem as palavras.
Quando oferecemos oportunidades de escrever, quando os mesmos ainda não sabem, permitimos que confrontem hipóteses sobre a escrita e pensem em como ela se organiza, ou seja, o que representa e para que serve.
Na escrita existem dois processos importantes que precisam ocorrer simultaneamente: o primeiro diz respeito à aprendizagem do sistema de escrita alfabética e o segundo a aprendizagem da linguagem que se utiliza para escrever.
O procedimento de escrever implica no controle de dois aspectos importantes: o que escrever e como escrever.
É um momento em que os alunos precisam refletir em como escrever, e como se organiza o sistema alfabético.
Atividades de Escrita
Ao propormos atividades de escrita aos nossos alunos utilizando diferentes portadores textuais, estamos permitindo que eles se concentrem em questões como: o registro e a atenção, na escrita das palavras. Para que isso possa ocorrer é preciso pensar em desafios importantes:
- Escolher quantas e quais letras serão utilizadas;
- Pensar sobre as escolhas diferentes (quando a atividade for em dupla e os dois amigos fizerem escolhas diferentes sobre o valor quantitativo e qualitativo dos caracteres);
- Interpretar a própria escrita (ler o que escreveu) justificando para si mesmo e para os outros as escolhas feitas ao escrever.
Procedimentos do professor:
- Organizar agrupamentos heterogêneos produtivos em função do que os alunos sabem sobre a escrita e sobre os conteúdos da tarefa que devem realizar;
- Esclarecer o que cada um vai fazer na dupla: um escreve e o outro dita;
- Garantir a máxima circulação de informação, para que ocorra a socialização das produções escritas.
O que os alunos irão fazer:
- Realizar a tarefa em dupla, considerando o que cada um vai fazer (um escreve e o outro dita);
- Discutir as diferentes formas de resolver a tarefa;
- Socializar suas escritas com os colegas e com a professora.
Nome próprio
O conhecimento do nome próprio tem duas conseqüências importantes: em primeiro lugar, é uma escrita contextualizada, quer dizer, uma escrita de interpretação estável; e em segundo lugar, é uma escrita que facilita uma informação sobre a ordem não aleatória dentro do conjunto de letras.
A escrita do próprio nome é uma peça-chave para o início da compreensão do sistema de funcionamento da língua escrita.
Sugestões de atividades para trabalhar com o nome próprio
- Bingo de letras;
- Bingo de nomes;
- Preguicinha;
- Caça-palavras;
- Jogo da forca;
- Alfabeto móvel (com letras de madeira ou letras confeccionadas em cartolina);
- Escrita coletiva;
- Acróstico – composição poética em que cada letra de uma palavra pode formar outras palavras ou frases.
Obs.: O acróstico pode ser trabalhado no chão com letras móveis de madeira, ou na lousa, e deve advir de um mesmo campo semântico (nome próprio, animais, frutas...).
Objetivos
- Relacionar grafema (letra) x fonema (som);
- Proporcionar à criança um contato sistemático com a palavra escrita;
- Conhecer o significado da palavra escrita e a compreensão do seu uso social;
- Reconhecer e aprender a escrever a escrever o nome próprio;
- Reconhecer a escrita do nome próprio como fonte de informação e de conflitos.
Listas
A lista é um gênero textual de fundamental importância para os recém- chegados ao universo da leitura e da escrita. Elas devem advir de um mesmo campo semântico (geralmente nome).
Ex.: nomes próprios, animais, frutas, cores, etc.
Seus objetivos principais são a construção da escrita e o fortalecimento da base alfabética.
É um momento importante para que o professor possa estimular a reflexão coletiva e individual das crianças sobre a grafia dos caracteres, propondo situações de aprendizagem que façam os alunos refletirem e questionarem suas hipóteses silábicas sobre a escrita, e compará-las com a grafia convencional das palavras.
Atividades para construção da escrita
- Alfabeto móvel (com letras confeccionadas em cartolina) – trabalho realizado nas mesas, individualmente, em duplas, trios ou quartetos;
- Bingo de letras;
- Bingo de palavras;
- Escrita coletiva;
- Jogo da forca;
- Caça-palavras;
- Dominó de palavras;
- Ditado.
Leitura
A leitura é um processo em que o leitor faz um trabalho de construção do significado do texto. É impossível retirar informações de um texto escrito utilizando o procedimento de decodificação, ou seja, letra por letra, palavra por palavra.
Faz-se necessário que o professor esteja atento para não confundir hipóteses de leitura com estratégias de leitura. Veja as definições:
-Hipóteses de leitura:
Idéias que o sujeito que não sabe ler e escrever desenvolve sobre o que deve estar escrito e o que se pode ler.
-Estratégias de leitura:
Procedimentos que o sujeito utiliza enquanto lê um texto. São elas:
- Estratégia de seleção;
- Estratégia de antecipação;
- Estratégia de inferência;
- Estratégia de verificação;
- Estratégia de decodificação.
Atividades de Leitura
Ao propormos atividades de leitura aos nossos alunos, devemos pensar em quais desafios serão colocados a eles:
- Ler antes de saber ler de maneira convencional;
- Estabelecer correspondência entre partes do oral e partes do escrito, ajustando o que sabem de cor à escrita alfabética;
- Utilizar o conhecimento sobre o valor sonoro convencional dos caracteres (quando já sabem), ou trabalhar em parceria com alunos que fazem uso do valor sonoro (quando já sabem);
- Utilizar estratégias de leitura que permitirão descobrir o que está escrito e onde.
Portadores Textuais
Portador de um gênero textual é uma superfície física em formato específico que suporta, fixa e mostra um texto.
Podemos dizer que todo objeto que apresente algo que possa ser lido ou qualquer objeto que leve um texto impresso ou manuscrito seja um “texto gráfico” – palavras ou um “texto iconográfico” (imagem) é um suporte textual.
EXEMPLOS DE SUPORTES CONVENCIONAIS: livro, jornal (diário), revista, rádio, televisão, telefone, quadro de avisos, outdoor, etc.
EXEMPLOS DE SUPORTES ACIDENTAIS: embalagem - rótulo, receita, breve bula de remédio, Para-choques e para-lamas de caminhão, Roupas, corpo humano (tatuagens ou de slogans para protestos em situações especiais), paredes, quadro de avisos, muros, etc.
Gêneros Textuais
Gêneros Textuais (MARCUSHI) são os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal. Carta pessoal, comercial, bilhete, aula expositiva, aula virtual, diário pessoal, agenda, anotações, reunião de condomínio, debate, romance, entrevista, resenha, lista de compras, blog, piada, e-mail, sermão, bate-papo (chat), cardápio, Orkut, horóscopo, vídeo-conferência, instruções de uso, inquérito policial, fórum, telefonema, debate, etc.
Trabalhando com os diferentes gêneros textuais
Lista
Procedimentos do professor:
- Apresentar a lista ao grupo e dizer o campo semântico;
- Propor aos alunos que localizem os nomes.
O que os alunos irão fazer:
- Acompanhar o nome ou o título ditado pelo professor;
- Discutir com seus amigos;
- Marcar a resposta;
- Socializar para o grupo maior.
Em relação aos alunos alfabéticos:
- Podem ler e escrever autonomamente os nomes;
Parlendas, Poemas, Poesias, Advinhas e Trava-Línguas
Procedimentos do professor:
- Garantir que o grupo saiba o texto de cor (sua forma oral, não a escrita);
- Certificar-se de que os alunos não irão consultar os portadores no momento da atividade;
- Levar para a classe os livros de onde transcreveu os portadores pra mostrar ao grupo.
O que os alunos irão fazer:
- Saber o texto de cor;
- Ordenar as partes do texto, ajustando o falado ao escrito;
- Discutir as hipóteses com os amigos;
- Socializar para o grupo maior.
Receita
Procedimentos do professor:
- Apresentar a receita aos alunos;
- Propor ao grupo que complete as palavras que estão faltando nos ingredientes (consultando o banco de palavras);
- Levar para classe vários livros de receitas, para que os alunos conheçam o tipo de portador.
O que os alunos irão fazer?
- Localizar os ingredientes para completar os espaços vazios;
- Discutir com os amigos suas respostas, identificando também os ingredientes;
- Socializar para o grupo.
Em relação aos alunos alfabéticos:
- Podem ler e completar os espaços vazios não necessitando do banco de palavras;
- Podem escrever o texto e discutir questões ortográficas (duplas de alfabéticos).
Letra\Música
Procedimento do professor:
- Garantir que a música seja do conhecimento do grupo (eles não devem memorizar a escrita, devem saber cantar).
O que os alunos irão fazer:
- Conhecer a música;
- Cantar a música buscando identificar as partes do escrito;
- Marcar onde o professor faz a pausa na música;
- Socializar para o grupo maior.
Em relação aos alunos alfabéticos:
- Podem reescrever a música e discutir as questões ortográficas (duplas de alfabéticos).
Cruzadinha
Procedimentos do professor:
- Explicar e demonstrar na lousa como é que se preenche uma cruzadinha se os alunos não estão familiarizados com esse tipo de atividade, e mostrar diferentes modelos de cruzadinha para que os alunos manuseiem esse portador.
O que os alunos irão fazer:
- Observar todas as gravuras;
- Escolher uma para iniciar o preenchimento;
- Contar o número de quadrinhos correspondente à gravura escolhida;
- Consultar o banco de palavras para descobrir qual é a certa;
- Socializar as respostas para o grupo maior.
Em relação aos alunos alfabéticos:
- A cruzadinha deve ser utilizada como uma tarefa de escrita e não de leitura;
( não utilizar o banco de palavras)
Ao professor:
- O professor pode utilizar de charadas para esse tipo de portador.
ATENÇÃO!
TODA E QUALQUER ATIVIDADE AO SER REALIZADA PELA PRIMEIRA VEZ COM A TURMA DEVE SER FEITA NO COLETIVO.
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